O último livro de auto-ajuda que li - aliás, um razoavelmente sofisticado - defendia, com base nalgumas noções de psicologia, que a pessoa morre como viveu. A recomendação subjacente é óbvia e forte: se viveste uma vida de tormentos, ainda terás o pior deles, o momento do fim da tua vida exatamente do mesmo jeito, portanto: cuidado como vive. Pois bem, acho que essa idéia alarmista acabou de cair nas malhas do meu ceticismo: nada garante nada na sua passagem para o nada. Preocupo-me com isso porque minha psique tem uma forma muito curiosa de amedrontamento: não deixo nada morrer, nem os mortos, todos vivem e dou-lhes de respirar sempre que posso. Some-se a isso a minha teimosia, essa sim com alguns - note bem - alguns traços de pânico: não deixo as pessoas irem embora da minha vida e as vezes nem me esforço para isso. Não deixo que as parcas experiências de morte que a vida me oferece, supostamente para me treinar, façam seu trabalho. Teimo e não quero morrer. Atualmente, porém, estou conformado que isso não tornará minha morte mais ou menos agonizante, escruciante e, ao mesmo tempo fantástica, do que a de qualquer monge budista. Teimo e não aceito, e não deixo ir, e essa é minha vida e na hora de morrer não voltarei atrás, apesar do conselho supostamente sábio de psicólogos e amigos queridos.
2 comentários:
A vida é uma arte, e independente da forma como é vivida, explorando ela ou não de forma errada, creio que juntar, buscar, e ser intenso no que se faz é o que vale. Vivemos para nós mesmos e agregamos em nossas vidas pessoas que não queremos que saiam deforma alguma de nosso circulo de convivência, medo da morte é um fato, pois sabemos o fim de tudo isso, mas não imaginamos que possamos perder quem amamos, isso sim é dolorido. Bela postagem!
Como você tampouco deixo nada morrer na minha vida....
E isso é uma merda!
Postar um comentário